domingo, 5 de junho de 2011

Lembranças de minha mãe


Mamãe gostava muito de ler. Me lembro bem da listinha que ela me entregava, dos livros que eu retirava no "Gabinete de Leitura Rui Barbosa" em Jundiaí. Já estava aposentada e logo após o almoço ela se deitava para ler seus romances. Eu, ainda pequena, me deitava na sua barriga e ficava assim por horas lendo meus gibis até que eu notava que ela estava cochilando. Então, sutilmente, saía pra brincar.

Impossível esquecer seus pastéis. Ela fazia a massa bem crocante e os recheios eram especiais: de carne, de palmito, de queijo (os famosos pichuás) e um que ela inventou: de mortadela. A mortadela era bem picadinha, com ovos cozidos, muita salsinha e azeitona. Ai, que saudades!

Outra lembrança "doce": suas balas de côco. Ela ficava horas esticando a bala já pronta, muito quente para não açucarar  e depois de estar no ponto, colocava na pedra mármore do "etager" e ficava alí até esfriar, quando, então, cortava e guardava para a festa que havia na ocasião. Doces recordações!

A vaidade: me recordo dela sempre com batom e com o cabelo arrumado para esperar o seu marido, meu pai. Minha irmã Dalila costumava colocar "bobbies" e depois caprichava no penteado "gatinho". Usava leite de rosas, rouge e baton. Se algum problema grave acontecia na família, ela fazia promessa de não usar baton (o que mais ela adorava) por um determinado tempo. Se ela conseguia, não me lembro, mas me lembro do rosto pálido sem o seu baton.

São poucas as lembranças, mas uma ficou para sempre. Um rascunho que ela fez para escrever no meu caderninho de recordações. O caderno uma amiga perdeu, mas o rascunho ficou para sempre comigo. Leiam no final do blog.

Um comentário de uma amiga de infância, Cléa:

 
      Fico honrada em colaborar com a homenagem àquela que cumpriu seu papel maternal com muito carinho e amor. Muitas vezes, nos fazendo lembrar, a  proteção da galinha com seus pintainhos; resgardando-os sob suas asas.
     
      Várias situações nos trás grandes recordações de nossa infância em Jarinú.  As saidas para os passeios nos sitios de amigos que Da. Elza conseguia contornar para que Sr. Lazinho não soubesse; mas que muitas vezes êle conseguia descobrir  e mandava nos buscar ou cancelar nossa ída . 
      Uma delas ocorreu quando saiámos de sua casa pelos fundos  e Sr. Lazinho , na janela  da cozinha , tomando seu cafezinho  pegou-nos de "calças curtas"... porém eram compridas... mas naquela época as mulheres não usavam . 
      Estavamos todas reunidas em frente a casa da Vó Maria, na Praçinha, quando você e o Nêgo chegaram dizendo que seu pai pedia para voltarmos .
     Conclusão: fizemos nosso "pic-nic" no porão de sua casa.                                                                                                                                                                          
      Não posso deixar de relatar é que a primeira vez que comi pastel de banana , foram os feitos por Da. Elza , que eram uma delicia , assim como, as balas de coco.      Tudo isso tinha um sabor delicioso misturado com ansiedade e suspense.      
       Porém, o que mais admirava em Da. Elza  era vê-la sempre usando baton com seu sorriso alegre e tranquilo , esperando´por seu pai .  
       Espero ter ajudado . 
       beijos,        
        Cléa  





2 comentários:

  1. Q lindo! perdi meu pai e o que mais sinto falta alem de te-lo comigo, é de nao ter registrado mais momentos ao lado dele, de filma-lo, gravar sua voz... ele adorava escrever e tenho mtos papeis e cadernos com sua letra, foto temos bastante, ele era pastor e ia a varios eventos, mas a saudade doi ne?! bjo e fica com Deus

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    1. Allyne, faça um blog como fiz para o meu pai e para a minha mãe. O blog do meu pai é Lazaro Siqueira. Obrigada por entrar em contato comigo e um Feliz 2013. Um abração.

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